Vivendo em um momento da história, onde
a música rompeu as últimas barreiras do preconceito fundindo gêneros antes inimagináveis
pela crítica do meio, a cada dia que passa, novas experiências são divulgadas
comprovando que o Rap era o tempero que faltava para dar um toque especial ao
rico e variado cardápio da arte...
J. Dilla e Suite For Ma Dukes orchestra (ao fundo)
Imagine então a “alta cultura” abrindo suas portas para as
manifestações, outrora tidas como periféricas e rotuladas como apologéticas ao
crime e as drogas... Deste modo, o que
aconteceria se misturássemos Música Clássica com Hip-Hop...?! Devo afirmar
nesse caso que essa não é uma experiência tão nova, já que o rapper norte-americano Coolio estreou em
1995 com grande estilo na noite de premiação da Billboard Year-End Chart-Toppers, acompanhado de uma orquestra de violinos, coral gospel e a participação especial de ninguém
mais que Mr. Stevie Wonder, para a interpretação do clássico “Gangsta Paradise”,
remake “Pastime Paradise”, outro clássico de Wonder de 1976. Em 1º de maio de
2006, o rapper paulistano Afro X se
apresentou em Campinas com a Orquestra Sinfônica da cidade em homenagem ao Dia
do Trabalhador, em um momento memorável.
Mesmo não
sendo mais um fato que poderíamos descrever como inédito, sempre que a Música Clássica
se encontra com o Rap na mesma esquina, um momento clássico está prestes a
acontecer..., como foi o caso do arranjador, compositor
e maestro, nascido em Los Angeles, Miguel Atwood-Ferguson, que, ousadamente
bancou a ideia de realizar o “Suite For Ma Dukes”, conduzindo
uma orquestra inteira em homenagem ao célebre produtor de hip-hop “J. Dilla”,
falecido em 10 de fevereiro de 2006, em decorrência de um ataque cardíaco,
ocasionado por uma rara doença conhecida como “púrpura
trombocitopênica trombótica”, diga-se de passagem, três dias após ter completado
32 anos de vida.
Registrado em 2011 pelo projeto “Timeless”, série de três documentários
dirigidos pelo fotógrafo irlandês Brian Cross, o “B+”, que traz shows marcantes da gravadora Mochilla,
sobre três artistas essenciais para a história do Hip-Hop sobre o produtor e rapper norte-americano J. Dilla, o multi-instrumentalista
etíope Mulatu Astatke e o brasileiro Arthur Verocai, um destes faz uma
homenagem póstuma a Dilla, com o clássico de “Stakes Is High” do grupo de Rap “De La Soul”, interpretado por seu líder “Posdnous” com a
participação inusitada de “Talib Kweli”, tendo à contenção de um time pesado formado
por Common, Ma Dukes, Bilal, Dwele, Amp...
Exibido
no antigo Espaço Unibanco de São Paulo em fevereiro de 2011, Timeless contou no
seu último dia de sala com o show do
DJ-produtor californiano “J.Rocc”, que fez um live mix dentro do cinema, editando e projetando vídeo e áudio dos
três filmes simultaneamente... Vale agora conferir uma generosa fatia do
Tributo a Dilla...